TORQUATA SOUTO FONTOURA

Torquata de Araújo Souto Fontoura nasceu em Niterói, Estado do Rio de Janeiro. Seu nome literário é – THOR.

ANUÁRIO DE POETAS DO BRASIL.  2º. VOLUME.    Organização de Aparício Fernandes    Capa  de Ney Damasceno.  Rio de Janeiro: Folha Carioca Editora Ltda., 1977.  496 p. 

Ex. bibl. Antonio Miranda

  DESPERTA UM NOVO POETA

Cada vez que amanhece... esponta, em mim, aurora...
uma aurora-silêncio... e de meditação!...
Em cada amanhecer, eu sinto, de hora em hora,
delícias do Saber e da Renovação!...

Cada aurora que surge, em cada instante, agora...
o sol, em seu plasmar de luzes, na efusão...
cada vez me encontra, a minha mente exora
sabedoria e luz, buscar na imensidão!...

Em cada aurora, eu deixo o meu corpo cansado
e bebo, e sorvo o prana, em banho azul-dourado
e volteio no cosmo e na amplidão sem fim!...

E milênios percorro... e as vidas já vividas...
e volto a relembrar, em mim, todas as vidas
desperto e acordo um poeta que há dentro de mim!

   ... E CRER ...

Na verticalidade das palmeiras...
na rasante das águas da maré...
num céu de agosto peneirando esteiras
de estrelas... no chorar do caboré...

Plantados, pelotões de bananeiras
de corações à mostra... sei que é
esse pulsar, ingente, nas canseiras
de quem tem confiança e que tem fé...

No coaxar dos sapos, dentro a noite,
no vendaval soprado em pleno açoite,
essa energia e força e reação...

Eu me para a escutar, me paro a ver!
— justifico a vontade de viver
pela obra, sem par, da Criação!...



GALÁXIA

                   (Descambar)

Adoro a imensidão coberta de mistérios...
onde gritam trilhões de sóis desconhecidos!...
transporto-me, a cismar, além desses impérios
de deuses da amplidão... do cosmos, concebidos!...

Desdobram-se, a girar, infindos... elastérios,
como poeiras de sóis, pela amplidão, perdidos!...
mundo!... habitações!... mansões!... eremitérios!
numa esteira de luz... num mar de astros polidos!...

Astros vivem a bailar a valsa-do-infinito...
e a imagem do girar faz minha alma em conflito,
como se fora em mim esse veloz girar...

Da lira constelar — em direção a Vega,
o universos veloz... a galáxia... em eterno descambar!...

*

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Página publicada em junho de 2021